segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Capture: Palco





Sem frio na barriga, sem pernas tremulantes, sem coração acelerado e sem brilho no olhar. Ela estava fria, vazia, tão automática quanto um robô, vivendo só por viver, fazendo só por fazer.
Sorriu sarcasticamente, diversas e repetidas vezes, como de uma piada interna entre ela e seu eu. Como se estivesse na cochia de uma peça teatral e conhecesse bem cada deixa, e soubesse o final de cor. A vida era um palco onde ela encenava sentimentos que nunca sentira de fato. Como um poeta que finge o amor que sente e transforma em poesia para arrancar lágrimas alheias.
O espetáculo aconteceu de improviso. Um caco de fala aqui, outro acolá. Muitos sorrisos, muito carão, figurino e maquiagem impecáveis. Uma atuação digna bis e muitas indicações ao Oscar. Mas no final, quando as cortinas se fecharam e os aplausos tomaram o teatro, cada ator foi pro seu canto e ela ficou pensando no momento compartilhado. Na ilusão colaborada. Naquilo que vivera na vida emprestada que ganhara no palco. Na vida que ela vivia todo dia, mas que não a pertencia.

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3 comentários:

  1. Mais um lindo escrito seu que eu amei de paixão ♥

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  2. Um texto com poucas palavras, mas com tanto sentimentos. Conheço muita gente que vive como o personagem desse texto, ou se deixa viver assim, será mesmo que isso é viver? Até mais. ótimo texto, bem reflexivo. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  3. Parabéns pelo texto Natascha, você escreve muito bem. Cheguei hoje para acompanhar o blog e já estou curtindo tudo.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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